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O califa de Mar-a-Lago

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No espaço de uma semana, três atentados terroristas nos EUA ceifaram a vida a mais de 30 pessoas. Primeiro na cidade californiana de Gilroy, de seguida em El Paso, cidade fronteiriça de New Mexico, e, finalmente, em Dayton, Ohio. E se é certo que tiroteios são o prato do dia nos EUA, o elevado número de atentados em tão curto espaço de tempo é revelador destes tempos sombrios, ainda mais sombrios do que aqueles a que fomos habituados pelo Tio Sam.

Face ao período comparável de 2018, há mais tiroteios, mais feridos, mais vítimas mortais. São, regra geral, levados a cabo por fanáticos de extrema-direita, não muito diferentes dos fanáticos do ISIS. Uns advogam a supremacia racial, outros querem combater os infiéis, outros ainda querem seguir o conselho de Donald Trump e mandar emigrar, de forma vigorosa, quem aparentemente deixou de ter lugar na “land of the free“. Seja o Squad de Ocasio-Cortez e Rashida Tlaib, seja qualquer outro alegado emigrante, ainda que nascido em solo americano.

Não podemos esperar tolerância e concórdia de um país tão profundamente dividido, onde o presidente é o primeiro a incendiar as massas e a promover a perseguição de minorias e “dissidentes”. De um país onde qualquer atrasado mental tem acesso a uma arma de fogo semi-automática. Podemos, isso sim, antecipar uma contínua escalada de violência, com a base de apoio de Trump, armada até aos dentes, preparada para fazer a América Grande de Novo. A tiro.

Em princípio – Trump apressou-se a comunicá-lo ao país – os autores levaram a cabo estes três atentados por sofrerem de problemas do foro psiquiátrico. As motivações raciais, a ligação a grupos de extrema-direita ou os manifestos que deram à costa nas redes sociais, onde se exalta a supremacia ariana e a segregação, não existem, visto estarmos perante malucos que mataram por falta de parafusos. O facto do número de tiroteios em solo americano ser superior ao número de dias do ano decorridos até à data não é mais que uma desagradável coincidência.

Fossem os autores dos atentados afro-americanos, ou – pior – árabes, e estaríamos perante uma invasão de um qualquer “shithole country“. Sorte a deles, eram apenas jovens fascistas de tez mais clara, incapazes de praticar o mal, excepto em caso de insanidade mental comprovada por um especialista em coisas. Um especialista em coisas que não se inibiu de aparecer ao país, em tom grave, para condenar o ódio e a maldade (para além dos habituais emigrantes e imprensa), quando é ele, mais do que ninguém, nos tempos que correm, a instigar a discórdia e a dividir o país. Quando é ele, o tipo que sobre Charleston disse haver “good guys on both sides“, o líder espiritual da regressão civilizacional em curso nos Estados Unidos.


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